Figuras de Linguagem
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Uma palavra ou signo compreende duas polaridades: o significado (aspecto conceitual, a imagem mental abstrata) e o significante (aspecto concreto, gráfico, a imagem acústica). Assim, todas as palavras são signos, desde que apresentem essas duas faces.
Quando desconhecemos os significado de uma palavra, a comunicação não se completa, pois só o que compreendemos é o significante (o conjunto sonoro ou gráfico). Reunida ao seu significado, a palavra deixa de ser apenas um fenômeno sonoro ou gráfico (significante).
Um mesmo signo pode apresentar signicados diversos, conforme o contexto em que o empregamos. O significado de uma palavra não é somente aquele dado no dicionário; a palavra adquire sentidos diferentes quando inserida em novos contextos. A essa pluaralidade de significados dá-se o nome de polissemia.
Veja, por exemplo, o caso da palavra corrente: cadeia de metal, grilhão(a corrente); água que corre (água corrente); fácil, fluente (estilo corrente); sabido de todos (fato corrente); decurso de tempo (mês corrente); circulação de ar (corrente de ar); fluxo de água (corrente de água, corrente marinha); fluxo de energia elétrica (corrente elétrica); grupo de indivíduos que representam ideais, tendências, opiniões (corrente literária) etc.
Quando escrevemos, valemo-nos do significado da palavra para expressarmos nossas ideias. Um vocabulárioo bem escolhido transmite mais adequadamente a mensagem que codificamos. Se queremos ser objetos no que redigimos precisamos utilizar uma linguagem denotativa, portanto, referencial. Essa linguagem é aquela cujo significado real encontramos no dicionário. É a palavra empregada na sua significação usual, literal, referindo-se a uma realidade concreta ou imaginária.
Ao evocarmos ideias através do filtro da nossa emoção, da nossa subjetividade, temos a conotação, que corresponde a uma transferência do significado usual para um sentido figurado.
1. “A corrente marítima não manteve o barco na rota”.
2. “A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir” (Chico Buarque)
Figuras de linguagem
O uso de figuras de linguagem é um dos recursos empregados para valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um recurso linguístico para expressar de formas diferentes experiências comuns, conferindo originalidade, emotividade ou poeticidade ao discurso.
A utilização de figuras revela muito da sensibildiade de quem as produz, traduzindo particularidades estilísticas do autor.
Quando a palavra é empregada em sentido figurado, não-denotativo, ela passa a pertencer a outro campo de significação, mais amplo e criativo.
FIGURAS DE SINTAXE
As figuras de sintaxe ou de construção dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os temos da oração, sua ordem, possíveis repetições ou omissões.
As figuras de sintaxe podem ser construídas por:
omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
ruptura: anacoluto;
concordância ideológica: silepse.
Assíndeto
Ocorre assíndeto quando orações ou palavaras que deveriam vir ligadas por conjunções coordenativas aparecem justapostas ou separadas por vírgulas.
“Fere, mata, derriba, denodado...” (Camões)
“Clara passeava no jardim com as crianças.
O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados,
o guarda-civil sorria, passavam bicicletas,
a menina pisou a relva para pegar um pássaro,
o mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era
tranquilo ao redor de Clara.”
(Carlos Drummond de Andrade)
“Não nos movemos, as mãos é que se estenderam
pouco a pouco, todas quatros, pegando-se, apertando-se,fundindo-se.”
(Machado de Assis)
Elpse
Ocorre elipse quando omitimos um termo ou oração que facilmente podemos identificar ou subentender no contexto. Pode ocorrer na supressão de pronomes, conjunções, preposições ou verbos.
“Veio sem pinturas, em vestido leve, sandálias coloridas.”
(Rubem Braga)
Sentei-me na cama, uma dor aguda no peito, o coração desordenado.”
(Antônio Olavo Pereira)
“No mar, tanta tormenta e tanto dano.”
(Camões)
Zeugma
Ocorre zeugma quando um termo já expresso na frase é suprimido, ficando subentendida sua repetição.
“Foi saqueada a vila, e assassinados os partidários dos Filipes.”
(Camilo Castelo Branco)
*Zeugma do verbo..."e foram assassinados..."
“Vieira vivia para fora, para a cidade, para a corte, para o mundo; Bernardes para a cela, para si, para o seu coração.” (Antônio Feliciano de Castilho)
Anáfora
Ocorre anáfora quando há repetição intencional de palavras, no início de um período, frase ou verso.
“Grande no pensamento, grande na ação, grande na glória,
grande no infortúnio, ele morreu desconhecido e só.” (Rocha Lima)
“Eu quase não saio
Eu quase não tenho amigo
Eu quase não consigo
Ficar na cidade sem viver contrariado.”
(Gilberto Gil)
Pleonasmo
Ocorre pleonasmo quando há repetição da mesma ideia, isto é, redundância de significado.
Pleonasmo literário
É o uso de palavras redundantes para reforçar uma ideia, tanto do ponto de vista semântico quanto do ponto de vista sintático. É um recurso estilístico que enriquece a expressão, danto ênfase à mensagem.
“Iam vinte anos desde aquele dia
Quando com os olhos eu quis ver de perto
Quanto em visão com os da saudade via.”
(Alberto de Oliveira)
“Morrerás morte vil na mão de um forte.”
(Gonçalves Dias)
“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugual”
(Fernando Pessoa)
Pleonasmo vicioso
É o desdobramento de ideias que já estavam implícitas em palavras anteriormente expressas. Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois não têm valor de reforço de uma ideia, sendo apenas fruto do desconhecimento do sentido real das plalavras. Exemplos:
subir para cima hemorragia de sangue
entrar para dentro monopólio exclusivo
repetir de nvo breve alocução
ouvir com os ouvidos principal protagonista
Polissíndeto
Ocorre polissíndeto quando há repetição enfática de uma conjunção coodenativa mais vezes do que exige a norma gramatical (geralmente a conjunção e).
“Vão chegando as burguesinha pobre,
e as criadas das burguesinhas ricas
e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.”
(Manuel Bandeira)
“E saber e crescer, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror.”
(Vinícius de Morais)
“O quinhão que me coube é humilde, pior do que isto: nulo,
Nem glória, nem amores, nem santidade, nem heroísmo.”
(Otto Lara Resende)
Anástrofe
Ocorre anástrofe quando há uma simples inversão de palavras vizinhas (deterinante X determinado).
“Tão leve estou que já nem sombra tenho.”
(Mário Quintana)
“Começa o Mundo, enfim, pela ignorância.”
(Gregório de Matos)
Hiperbato
Ocorre hiperbato quando há uma inversão complexa de membros da frase.
“Passeiam, à tarde, as belas na Avenida.”
(Carlos Drummond de Andrade)
*As belas passeiam na Avenida à tarde.
“Enquanto manda as ninfa amorosas grinaldas nas cabeças pôr de rosas.”
(Carlos Drummond de Andrade)
*Enquanto manda as ninfas amorosas pôr grinaldas de rosas nas cabeças.
Sínquese
Ocorre sínquese quando há uma inversão violenta de distantes partes da frase. É um hiperbato exagerado.
“A grita se alevanta ao Céu, da gente.”
(Camões)
*A grita da gente se alevante ao Céu.
“... entre vinhedo e sebe
Corre uma linfa, e ele no seu de faia
De ao pé do Alfeu tarro escultado bebe.”
(Alberto de Oliveira)
*Uma linfa corre entre vinhedo e sebe, e ele bebe no seu tarro escultado, de faia(árvore) de ao pé do Alfeu(margem do rio Alfeu).
Hipálage
Ocorre hipálage quando há inversão da posição do adjetivo (uma qualidade que pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase).
“... em cada olho um grito castanho de ódio.”
(Dalton Trevisan)
*... em cada olho castanho um grito de ódio.
“... as lojas loquazes dos barbeiros.”
(Eça de Queirós)
* … as lojs dos barbeiros loquazes.
Anacoluto
Ocorre anacoluto quanto há interrupção do plano sintático com que se inicia a frase, alterando-lhe a sequência lógica. A construção do período deixa um ou mais termos desprendidos dos demais e sem função sintática definida.
“Essas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas.”
(Alcântara Machado)
“Umas carabinas que guardava atrás do gruarda-roupa, a gente brincava com elas de tão imprestáveis.”
(José Lins do Rego)
Silepse
Ocorre silepse quando a concordância não é feita com as palavras, mas com a ideia a ela associada.
Silepse de gênero
Ocorre quando há discordância entre os gêneros gramaticais. (feminino ou masculino).
“O animal é tão bacana
mas também não é nenhum banana”.
(Enriquez, Bardotti e Chico Buarque)
Silepse de número
Ocorre quando há discordância envolvendo o número gramatical (singular ou plural).
“Esta gente está furiosa e com medo; por consequência, capazes de tudo.”
(Garret)
“Corria gente de todos lados, e gritavam.”
(Mário Barreto)
Silepse de pessoa
Ocorre quando há discordância entre o sujeito expresso e a pessoa verbal.
“A gente não sabemos escolher presidente
A gente não sabemos tomar conta da gente.”
(Roger Rocha Moreira)
“Ambos recusamos praticar este ato.”
(Alexandfre Herculano)
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