Confusão em concurso da Anvisa


 

Temos de nos tornar na mudança que queremos ver.

Mahatma Gandhi

 

Tumulto marca concurso


Candidatos pedem a anulação da prova sob alegação de desorganização generalizada: atraso, troca de malotes, envelopes violados. Denúncias foram registradas na 1ª DP.


Atraso, troca de malotes, envelopes violados: desorganização prejudica aplicação das provas na Universidade Paulista; denúncias foram registradas na 1ª Delegacia de Polícia. Em Alagoas e no Rio de Janeiro também houve problema


Falhas na organização do concurso da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) provocaram confusão ontem de manhã, na Universidade Paulista (Unip), um dos locais de prova. Os fiscais começaram a distribuir os cadernos com pelo menos 40 minutos de atraso. Dezenas de pessoas não receberam a prova ou a receberam com o lacre do envelope violado. Os candidatos prejudicados pediram o cancelamento do certame e fizeram denúncias contra o Instituto Cetro, responsável pela aplicação do concurso. A Polícia Militar foi chamada para conter os mais exaltados. Até o fim da manhã, previsão de término do teste, não foi dada nenhuma explicação oficial sobre os problemas ocorridos e, até o fechamento desta edição, não havia informações sobre a possibilidade de cancelamento do exame.


A prova estava marcada para as 8h. Erros como malotes trocados atrasaram a distribuição dos cadernos. Em algumas salas, candidatos começavam a resolver os exercícios, enquanto outros não haviam recebido a prova. "Logo começou um barulho no corredor. Uma moça da minha sala disse que não faria a prova naquelas condições. O fiscal também não sabia o que fazer. Aí resolvemos sair", contou a dona de casa Vilma de Oliveira, 47 anos. Ela afirmou que alguns candidatos levaram os cadernos de prova, mas outros não puderam fazer o mesmo.


O concurso oferece 314 oportunidades para cargos de níveis médio e superior, com salários que variam de R$ 4.760,18 a R$ 10.019,20 para uma jornada de trabalho de 40 horas semanais. Mais de 125 mil candidatos se inscreveram às vagas para técnico, analista e especialista. A concorrência é alta: 399 pessoas por cada oportunidade. A estudante Tânia Mara Machado, 25 anos, veio de Três Marias, Minas Gerais, unicamente para a prova. "Recebi o envelope aberto. Saí e fiquei esperando uma satisfação", disse. Ainda nervosa por conta da indefinição, Tânia contou que uma prima fez a mesma prova em outro prédio, sem transtornos.


Quem estava na Unip disse que nem todos os fiscais recolheram celulares e relógios, um desrespeito às regras do edital de abertura. Caio César Pereira, 18 anos, estuda para concursos e fez um cursinho específico para a Anvisa. "A menina sentada ao meu lado começou a fazer a prova com celular. Ela só podia ter o gabarito", suspeitou. Além disso, ele observou que não havia detectores de metal espalhados pelo câmpus da faculdade e que as candidatas gestantes não podiam contar com qualquer auxílio.


A técnica em enfermagem Adriana Oliveira Santos, 32 anos, nem chegou a ver a prova. "Entregaram uma parte. A (prova) objetiva não veio. Deveriam entregar tudo junto. Os fiscais estavam tão sem informação quanto a gente", afirma. A torcida dela é pelo cancelamento do concurso. "É uma falta de organização e de respeito. Fizemos a inscrição há um bom tempo."


Apuração
Para tentar embasar as denúncias contra o concurso, alguns candidatos postaram nas redes sociais fotos das provas e vídeos com as falas dos fiscais e com a confusão nos corredores da Unip. Entre os que receberam a prova corretamente, houve aqueles que insistiram em realizar o exame e se recusaram a sair. A Polícia Militar esteve no local com pelo menos quatro viaturas e ajudou na retirada das pessoas.


De acordo com agentes da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), mais de 50 pessoas estiveram na unidade para registrar ocorrência. Nesse caso, apenas um processo investigativo é aberto. Cada novo depoimento é incluído no mesmo documento e acrescentado como envolvido. Segundo a polícia, é preciso apurar se houve crime ou apenas falha de procedimento antes de determinar vítimas e testemunhas.


Por meio da assessoria de imprensa, o Cetro informou que vai iniciar as investigações sobre as denúncias, mas não confirmou se houve problemas em outras cidades do país. Os coordenadores regionais do concurso devem avaliar hoje as reclamações e, caso as irregularidades sejam verificadas, a banca vai apresentar sugestões para reparar o problema.


"A menina sentada ao meu lado começou a fazer a prova com celular. Ela só podia ter o gabarito" Caio César Pereira, 18 anos.


Autor(es): » ANA POMPEU


Correio Braziliense - 03/06/2013


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