Aposentadoria: Use o tempo a favor


 

Não há nenhum lugar nessa Terra tão distante quanto ontem.

Robert Nathan

 

Envelhecer e sair do mercado de trabalho, a tão esperada aposentadoria, deixou de ser sinônimo de fim da vida. Pelo contrário: os ganhos de longevidade e a pressão social cada vez maior por cidades mais inclusivas — ainda que estejam longe do ideal — fazem desse momento um novo ciclo. Pendurar as chuteiras inaugura um período que pode ser altamente produtivo do ponto de vista do desenvolvimento pessoal e, para alguns, permite buscar horizontes profissionais diferentes do traçado anteriormente. Mas garantir que essa etapa seja confortável, com renda suficiente para manter o padrão de vida pré-aposentadoria, exige planejamento.

No segundo dia do "Seu bolso" especial de fim de ano, o Correio traz mais dicas de como fazer o seu dinheiro render. Uma das opções mais simples é a previdência complementar. Depender da renda paga pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) tem se tornado uma opção pouco atrativa para muitos brasileiros. Renato Follador, especialista no tema, lembra que, até a década de 1970, o INSS pagava como teto para as aposentadorias o equivalente a 20 salários mínimos. Atualmente, está em 6,1.

"Se for mantida a política salarial para o mínimo, quem se aposentar depois de 2018 ganhará cinco salários e, depois de 2035, no máximo, três", calcula Follador. "Assim, a previdência privada é importante para garantir a manutenção do padrão de vida das pessoas", diz. A melhor opção aos interessados, quando possível, são os planos fechados, os chamados fundos de pensão. "Se a empresa onde o trabalhador está tem um programa desses, é sempre mais interessante", ressalta o especialista. Por não ter finalidade lucrativa, o custo é reduzido e, normalmente, a rentabilidade é maior que a da previdência aberta.

Cuidados

Para quem não tem essa alternativa, deve-se buscar uma opção no setor privado, em bancos e corretoras. Mas alguns cuidados são necessários. É preciso buscar informações sobre as condições financeiras do plano de previdência e da empresa que faz a gestão dos recursos. "Como é um investimento a longo prazo, ela tem de continuar a existir em 25 ou 30 anos. Solidez é importante", observa Follador.

As taxas de administração também são determinantes e podem ser a diferença entre prejuízos e ganhos mais robustos. Ela incide sobre o patrimônio, que cresce mensalmente. "É juro composto. Qualquer meio ponto percentual faz um rombo lá na frente", explica o analista. Com uma taxa de 3% ao ano, em 25 anos, o banco fica com metade do patrimônio do poupador. Por isso, a recomendação é não aceitar cobranças acima de 2% ao mês e barganhar ao máximo esse valor. Há ainda a cobrança de carregamento, que incide sobre cada contribuição e tem como objetivo arcar com os custos do plano. Se a contribuição mensal for de R$ 100 e esse encargo de 1%, então apenas R$ 99 serão efetivamente aplicados.

Impostos

O ideal, ao procurar um plano de previdência, é buscar uma taxa de carregamento que seja zero e a de administração menor que 2%. Se o seu banco não oferecer essa opção, não se prenda a ele, o mercado vai te oferecer uma alternativa mais próxima da sua necessidade. Corretoras e outras instituições financeiras podem intermediar a relação com os fundos de previdência, é só pesquisar. Ao se decidir por esse produto financeiro, é preciso ficar analisar cada opção oferecida.

Na prática, o gestor do fundo vai pegar o seu dinheiro e fazer uma aplicação no mercado financeiro. Ele tem uma meta de rentabilidade a bater e, para isso, analisa o perfil do cliente e, com base na tolerância ao risco e às perdas de cada pessoa, aplica os recursos. É possível dividir o seu investimento entre renda variável e fixa, um percentual do capital em cada modalidade. Essa decisão, porém, tem de ser tomada com gestor para que o cliente seja bem informado e não se engane caso, em algum momento, com as oscilações do mercado, o patrimônio apresente recuos temporários.


Correio Braziliense - 30/12/2013

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