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Curso de Redação: Figuras de Palavra

As figuras de palavras consistem no emprego de um termo com sentido diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de conseguir um efeito mais expressivo na comunicação.


COMPARAÇÃO


Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados por conectivos comparativos explícitos – feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem – e alguns verbos – parecer, asselmelhar-se e outros.


“Amou daquela vez como se fosse máquina.


Beijou sua mulher como se fosse lógico.


Ergueu no patamar quatro paredes flácidas.


Sentou pra descansar como se fosse um pássaro.


E flutuou no ar como se fosse um príncipe.


E se acabou no chão feito um pacote bêbado.”


(Chico Buarque)





“A liberdade me ensinou a ser simples


Como um largo de igreja.


(Oswald de Andrade)





A jovem estava branca qual uma vela.





METÁFORA


Ocorre metáfora quando um termo substitui outro através de uma relação de semelhança resultante da subjetividade de quem a cria. A metáfora também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o conectivo não está expresso, mas subentendido.





Portanto, metáfora deve ser entendida como uma comparação em que estão ausentes o conetivo e o elemento comum aos termos.


Todo emprego de palavra fora do seu sentido normal, por efeito da analogia, constitui uma metáfora.





O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais.”


(Carlos Drummond de Andrade)





“Supondo o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso extrair pérolas, que é a razão.”


(Machado de Assis)





“O Pão de Açúcar era um teorema geométrico.”


(Oswald de Andrade)





Minhas sensações são um barco de quilha pro ar.


(Fernando Pessoa)





“A vida é uma cartola de mágico. ”


METONÍMIA





Ocorre metonímia quando há substituição de uma palavra por outra, havendo entre ambas algum grau de semelhança, relação, proximidade de sentido, ou implicação mútua. Tal substituição realiza-se de inúmeros modos:





Continente pelo conteúdo e vice-versa:







  • Antes de sair, tomamos um cálice de licor. (o contéudo de um cálice)









  • A âncora pesada o sal feria. (o mar)









  • Comeremos mais um prato. (o conteúdo do prato)









  • Sou arlégico a cigarro. (a fumaça)




  • “E assim o perário ia


    Com suor e com cimento


    Erguendo uma casa aqui


    Adiante um apartamento.” (com trabalho)



      (Vinícius de Morais)










  • Comprei um agarrafa do legítimo porto. (Vinho da cidade do Porto)









  • Ela aprecia ler Jorge Amado. (A obra de Jorge Amado)







O abstrato pelo concreto e vice-versa:







  • Não devemos contar com o seu coração. (Sentimento, sensibilidade)









  • A velhice deve ser respeitada. (pessoa idosa)









  • A coroa foi disputada pelos revolucionários. (O poder)









  • Não te afastes da cruz. (O cristianismo)









  • Cuide da infancia. (criança)










A matéria pelo produto e vice-versa:




  • Lento, o bronze soa.









  • Joguei duas pratas no chapéu do mendigo. (moedas de prata)







O inventor pela invento:







  • Edson ilumina o mundo. (A energia elétrica)







A coisa pelo lugar:







  • Vou à Prefeitura. ( Ao edifício da prefeitura)




O instrumento pela pessoa que o utiliza:







  • Ele é um bom garfo. (Guloso, glutão)







SINÉDOQUE





Ocorre sinédoque quando há substituição de um termo por outro, havendo ampliação ou redução do sentido usual da palavra. Encontramos sinódoque nos seguintes casos:





o todo pela parte e vice-versa:







  • A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos cascos de seu cavalo.”




(J.Cândido de Carvalho)





o singular pelo plural e vice-versa:







  • O paulista é tímido; o carioca, atrevido.







O invíduo pela espécie (nome próprio pelo nome comum):







  • Para os artistas ele foi um mecenas.









  • Este homem é um harpagão.







CATACRESE


A catacrese é um tipo especial de metáfora, “é uma espécie de metáfora desgastada, em que já não se sente nenhum vestígio de inovação, de criação individual e pitoresca. É a metáfora tornada hábito linquístico, já fora de âmbito estilístico”. (Othon M. Garcia)





São exemplos de catacrese:




boca da garrafa


folhas de livro


dente de alho


céu da boca


mão de diração


asas do nariz


língua de fogo


pé da mesa


braço do rio


leito do rio


barriga da perna


embarcar no trem


miolo da questão






ATONOMÁSIA


Ocorre antonomásia quando designamos uma pessoa por uma qualidae, característica ou fato que a distingue.


Na linguagem coloquial, antonomásia é o mesmo que apelido, alcunha ou cognome, cuja origem é um aposto (descritivo, especificativo etc.) do nome próprio.





“E ao rabi simples, que a igualdade prega, (= Cristo)


Rasga e enlameia a túnica inconsútil;”


(Raimundo Correia)





O Genovês salta os mares...” (= Colombo)


(Castro Alves)





O Cisne de Mântua (= Virgílio)


O Dante Negro (= Cruz e Sousa)


O rei das selvas (= leão)


O Corso (= Napoleão)




ALEGORIA





A alegoria é uma acumulação de metáforas referindo-se ao mesmo objeto; e uma figura poética que consiste em expressar uma sitação global por meio de outra que a evoque e intensifique o seu significado. Na alegoria, todas as palavras estão transladadas para um plano que não lhes é comum e oferecem dois sentidos completos e perfeitos – um referencial e outro metafórico.





“A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O tenor e o barítono lutam pelo soprano, em presença do baixo e dos comprimários, quando não são o soprano e o contralto que lutam pelo tenor, em presença do mesmo baixo e dos mesmo comprimários. Há coros numerosos, muitos bailados, e a orquestra é excelente...” (Machado de Assis)





“A vida é um grande poema em estrofes variadas; umasem opulentos alexandrinos de rimas milionárias; outras, frouxas, quebradas, misérrimas, mas o refrão é um para todas, sempre o mesmo: morrer.” (Coelho Neto)