Questões de Português: Sinônimos e Antônimos 2025

Q2144 - texto associado

 

Texto II para responder à questão.

A divisão do trabalho social cria a solidariedade

[...]

Bem diverso [da solidariedade mecânica] é o caso da solidariedade produzida pela divisão do trabalho. Enquanto a precedente implica que os indivíduos se assemelham, esta supõe que eles diferem uns dos outros. A primeira só é possível na medida em que a personalidade individual é absorvida na personalidade coletiva; a segunda só é possível se cada um tiver uma esfera de ação própria, por conseguinte, uma personalidade. É necessário, pois, que a consciência coletiva deixe descoberta uma parte da consciência individual, para que nela se estabeleçam essas funções especiais que ela não pode regulamentar; e quanto mais essa região é extensa, mais forte é a coesão que resulta dessa solidariedade. De fato, de um lado, cada um depende tanto mais estreitamente da sociedade quanto mais dividido for o trabalho nela e, de outro, a atividade de cada um é tanto mais pessoal quanto mais for especializada. Sem dúvida, por mais circunscrita que seja, ela nunca é completamente original; mesmo no exercício de nossa profissão, conformamo‐ nos a usos, a práticas que são comuns a nós e a toda a nossa corporação. Mas, mesmo nesse caso, o jugo que sofremos é muito menos pesado do que quando a sociedade inteira pesa sobre nós, e ele proporciona muito mais espaço para o livre jogo de nossa iniciativa. Aqui, pois, a individualidade do todo aumenta ao mesmo tempo que a das partes; a sociedade torna‐se mais capaz de se mover em conjunto, ao mesmo tempo em que cada um de seus elementos tem mais movimentos próprios. Essa solidariedade se assemelha à que observamos entre os animais superiores. De fato, cada órgão aí tem sua fisionomia especial, sua autonomia, e contudo a unidade do organismo é tanto maior quanto mais acentuada essa individualização das partes. Devido a essa analogia, propomos chamar de orgânica a solidariedade devida à divisão do trabalho.

[...]

(DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. )

Q2145 - texto associado

 

Texto II para responder à questão.

A divisão do trabalho social cria a solidariedade

[...]

Bem diverso [da solidariedade mecânica] é o caso da solidariedade produzida pela divisão do trabalho. Enquanto a precedente implica que os indivíduos se assemelham, esta supõe que eles diferem uns dos outros. A primeira só é possível na medida em que a personalidade individual é absorvida na personalidade coletiva; a segunda só é possível se cada um tiver uma esfera de ação própria, por conseguinte, uma personalidade. É necessário, pois, que a consciência coletiva deixe descoberta uma parte da consciência individual, para que nela se estabeleçam essas funções especiais que ela não pode regulamentar; e quanto mais essa região é extensa, mais forte é a coesão que resulta dessa solidariedade. De fato, de um lado, cada um depende tanto mais estreitamente da sociedade quanto mais dividido for o trabalho nela e, de outro, a atividade de cada um é tanto mais pessoal quanto mais for especializada. Sem dúvida, por mais circunscrita que seja, ela nunca é completamente original; mesmo no exercício de nossa profissão, conformamo‐ nos a usos, a práticas que são comuns a nós e a toda a nossa corporação. Mas, mesmo nesse caso, o jugo que sofremos é muito menos pesado do que quando a sociedade inteira pesa sobre nós, e ele proporciona muito mais espaço para o livre jogo de nossa iniciativa. Aqui, pois, a individualidade do todo aumenta ao mesmo tempo que a das partes; a sociedade torna‐se mais capaz de se mover em conjunto, ao mesmo tempo em que cada um de seus elementos tem mais movimentos próprios. Essa solidariedade se assemelha à que observamos entre os animais superiores. De fato, cada órgão aí tem sua fisionomia especial, sua autonomia, e contudo a unidade do organismo é tanto maior quanto mais acentuada essa individualização das partes. Devido a essa analogia, propomos chamar de orgânica a solidariedade devida à divisão do trabalho.

[...]

(DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. )

Q2926 - texto associado

 

Errata de pé de página

1 A vida deveria nos oferecer um lugarzinho no rodapé da nossa história pessoal para
2 eventuais erratas, como em tese de doutorado (as que não são plágio). Pelas vezes em que, na
3 infância, a gente foi bobo, foi ingênuo, foi indesculpavelmente romântico, cego e teimoso, devia
4 haver errata possível.
5 Devia haver erratas que anulassem bobagens adultas: botei fora aquela
6 oportunidade, não cuidei da minha grana, fui onipotente... Profissionalmente não me preparei,
7 não me preveni, não refleti, não entendi nada, tomei as piores decisões. Ah, que bom seria se
8 essas trapalhadas pudessem ser anuladas com uma boa errata. Em geral, não podem.
9 Devia haver uma errata para quando, com mais de 60 anos, tendo visto, lido e vivido
10 bastante coisa nesse mundo, a gente ainda banca o bobão.
11 Minha esperança (tenho uma boa reserva dela) é que pessoas começam a reagir.
12 Então alguém começa a fazer alguma coisa. Alguém, muito aos pouquinhos, se sente
13 responsável e fala. Alguém mostra que não podemos aceitar o que acontece nas ruas, nas casas,
14 nos transportes aéreos, nos ministérios e no Senado, na vida em geral — e que só reclamar não
15 adianta. E preciso denunciar, testemunhar, expor-se, mesmo correndo o perigo de sentir-se
16 isolado.
17 Ainda que o clima em geral seja de euforia imediatista, há situações gravíssimas,
18 claras ou ocultas, nos mais diversos territórios de nossa vida, que merecem mais do que breve
19 pensamento e falam de um evidente apagão moral. Por todas as vezes que desviamos o olhar
20 lúcido ou recolhemos o dedo denunciador, pagaremos talvez num futuro não muito distante —
21 um alto preço, durante um tempo incalculavelmente longo. E não haverá erratas.

LUFT, Lya. Errata de pé de página. Veja, 2015. Adaptado

Q3830 - texto associado

 

JOVEM QUE FEZ 980 PONTOS EM REDAÇÃO DO ENEM ESCREVIA 6 TEXTOS POR SEMANA

O segredo para se dar bem na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a “prática”, segundo a candidata Isabelle Nóbrega, de 17 anos, que tirou 980 pontos. Natural de Goiânia (GO), ela mora há 6 anos em Rio Branco e almeja uma vaga no curso de medicina. Isabelle, que concluiu o ensino médio em 2014, conta que tirou o ano passado todo para se preparar para o Enem. Por isso, fez um curso específico de redação durante dois meses, onde escrevia uma média de seis redações por semana.

“Foi uma surpresa. Fiquei completamente feliz e recuperei as esperanças de passar, porque eu já estava meio desanimada, porque não fui tão bem nas outras matérias quanto imaginava. Estudei bastante. Antes do cursinho, fazia uma redação por semana, depois passei a escrever seis”, diz. A candidata diz que fez três outros exames durante os anos de ensino médio e nunca havia conseguido uma nota tão alta. No Enem 2010, por exemplo, ela obteve 680 pontos. Apesar de não ser totalmente dedicada à leitura, ela fala que precisou adotar uma rotina diferente para a redação, que requer outros domínios além da escrita.

“Sinceramente, nunca fui de ler muito, mas em 2015, li uns 10 livros paradidáticos. Comecei a assistir jornais todos os dias e ler entrevistas em sites de jornalismo para ver se acabava me deparando com o tema e deu certo, porque eu já tinha estudado sobre o assunto”, ressalta. Nesta edição do exame, o tema foi “a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. Na produção do texto, Isabelle revela que não escreveu muitas coisas diferentes, apenas tentou abordar o tema de forma bem clara.
“Não falei nenhum argumento diferente. Só tentei colocar de uma forma objetiva, mas com palavras mais rebuscadas. Quis deixar bonito, mas compreensível”, acrescenta.

Como dica, a candidata é rápida: “tem que saber que a prática é tudo. Tem que fazer muitas redações. Quando você estiver cansado é porque está começando e tem escrever mais ainda. É importante demais”, finaliza.


Caio Fulgêncio

http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2016/01/jovemque-fez-980-pontos-em-redacao-do-enem-escrevia-6-textos-por-semana.html

Q4272 - texto associado

 

TEXTO 03

A violência urbana, da necessidade ao desejo

O estado de necessidade, que viola todos os requisitos da dignidade humana, constitui a pior violência que se pode cometer com alguém. Há décadas, no entanto, já sabemos que o estado de necessidade não é a causa principal da violência. Ele é inaceitável, totalmente inaceitável, mas não porque cause aborrecimentos aos de cima; é inaceitável porque não se pode conviver mais com a miséria. É inaceitável só por isso, sem precisar de nenhum outro interesse pragmático para ser mais inaceitável do que já é. Não obstante, o pensamento político brasileiro, na média, estabelece um vínculo falso entre uma coisa e outra. Aqui, os demagogos difundem a crença fácil de que a necessidade é a mãe da violência. A maldade humana seria um mito, só o que existe é a perversidade das condições materiais da vida.


(BUCCI, Eugenio. Disponível em:. Acesso em: 16 fev. 2015.)