Questões de Português: Interpretação de Textos 2025

Q2920 - texto associado

 

Errata de pé de página

1 A vida deveria nos oferecer um lugarzinho no rodapé da nossa história pessoal para
2 eventuais erratas, como em tese de doutorado (as que não são plágio). Pelas vezes em que, na
3 infância, a gente foi bobo, foi ingênuo, foi indesculpavelmente romântico, cego e teimoso, devia
4 haver errata possível.
5 Devia haver erratas que anulassem bobagens adultas: botei fora aquela
6 oportunidade, não cuidei da minha grana, fui onipotente... Profissionalmente não me preparei,
7 não me preveni, não refleti, não entendi nada, tomei as piores decisões. Ah, que bom seria se
8 essas trapalhadas pudessem ser anuladas com uma boa errata. Em geral, não podem.
9 Devia haver uma errata para quando, com mais de 60 anos, tendo visto, lido e vivido
10 bastante coisa nesse mundo, a gente ainda banca o bobão.
11 Minha esperança (tenho uma boa reserva dela) é que pessoas começam a reagir.
12 Então alguém começa a fazer alguma coisa. Alguém, muito aos pouquinhos, se sente
13 responsável e fala. Alguém mostra que não podemos aceitar o que acontece nas ruas, nas casas,
14 nos transportes aéreos, nos ministérios e no Senado, na vida em geral — e que só reclamar não
15 adianta. E preciso denunciar, testemunhar, expor-se, mesmo correndo o perigo de sentir-se
16 isolado.
17 Ainda que o clima em geral seja de euforia imediatista, há situações gravíssimas,
18 claras ou ocultas, nos mais diversos territórios de nossa vida, que merecem mais do que breve
19 pensamento e falam de um evidente apagão moral. Por todas as vezes que desviamos o olhar
20 lúcido ou recolhemos o dedo denunciador, pagaremos talvez num futuro não muito distante —
21 um alto preço, durante um tempo incalculavelmente longo. E não haverá erratas.

LUFT, Lya. Errata de pé de página. Veja, 2015. Adaptado

Q2921 - texto associado

 

Errata de pé de página

1 A vida deveria nos oferecer um lugarzinho no rodapé da nossa história pessoal para
2 eventuais erratas, como em tese de doutorado (as que não são plágio). Pelas vezes em que, na
3 infância, a gente foi bobo, foi ingênuo, foi indesculpavelmente romântico, cego e teimoso, devia
4 haver errata possível.
5 Devia haver erratas que anulassem bobagens adultas: botei fora aquela
6 oportunidade, não cuidei da minha grana, fui onipotente... Profissionalmente não me preparei,
7 não me preveni, não refleti, não entendi nada, tomei as piores decisões. Ah, que bom seria se
8 essas trapalhadas pudessem ser anuladas com uma boa errata. Em geral, não podem.
9 Devia haver uma errata para quando, com mais de 60 anos, tendo visto, lido e vivido
10 bastante coisa nesse mundo, a gente ainda banca o bobão.
11 Minha esperança (tenho uma boa reserva dela) é que pessoas começam a reagir.
12 Então alguém começa a fazer alguma coisa. Alguém, muito aos pouquinhos, se sente
13 responsável e fala. Alguém mostra que não podemos aceitar o que acontece nas ruas, nas casas,
14 nos transportes aéreos, nos ministérios e no Senado, na vida em geral — e que só reclamar não
15 adianta. E preciso denunciar, testemunhar, expor-se, mesmo correndo o perigo de sentir-se
16 isolado.
17 Ainda que o clima em geral seja de euforia imediatista, há situações gravíssimas,
18 claras ou ocultas, nos mais diversos territórios de nossa vida, que merecem mais do que breve
19 pensamento e falam de um evidente apagão moral. Por todas as vezes que desviamos o olhar
20 lúcido ou recolhemos o dedo denunciador, pagaremos talvez num futuro não muito distante —
21 um alto preço, durante um tempo incalculavelmente longo. E não haverá erratas.

LUFT, Lya. Errata de pé de página. Veja, 2015. Adaptado

Q2926 - texto associado

 

Errata de pé de página

1 A vida deveria nos oferecer um lugarzinho no rodapé da nossa história pessoal para
2 eventuais erratas, como em tese de doutorado (as que não são plágio). Pelas vezes em que, na
3 infância, a gente foi bobo, foi ingênuo, foi indesculpavelmente romântico, cego e teimoso, devia
4 haver errata possível.
5 Devia haver erratas que anulassem bobagens adultas: botei fora aquela
6 oportunidade, não cuidei da minha grana, fui onipotente... Profissionalmente não me preparei,
7 não me preveni, não refleti, não entendi nada, tomei as piores decisões. Ah, que bom seria se
8 essas trapalhadas pudessem ser anuladas com uma boa errata. Em geral, não podem.
9 Devia haver uma errata para quando, com mais de 60 anos, tendo visto, lido e vivido
10 bastante coisa nesse mundo, a gente ainda banca o bobão.
11 Minha esperança (tenho uma boa reserva dela) é que pessoas começam a reagir.
12 Então alguém começa a fazer alguma coisa. Alguém, muito aos pouquinhos, se sente
13 responsável e fala. Alguém mostra que não podemos aceitar o que acontece nas ruas, nas casas,
14 nos transportes aéreos, nos ministérios e no Senado, na vida em geral — e que só reclamar não
15 adianta. E preciso denunciar, testemunhar, expor-se, mesmo correndo o perigo de sentir-se
16 isolado.
17 Ainda que o clima em geral seja de euforia imediatista, há situações gravíssimas,
18 claras ou ocultas, nos mais diversos territórios de nossa vida, que merecem mais do que breve
19 pensamento e falam de um evidente apagão moral. Por todas as vezes que desviamos o olhar
20 lúcido ou recolhemos o dedo denunciador, pagaremos talvez num futuro não muito distante —
21 um alto preço, durante um tempo incalculavelmente longo. E não haverá erratas.

LUFT, Lya. Errata de pé de página. Veja, 2015. Adaptado

Q2927 - texto associado

 

Q3531 - texto associado

 

Os porquês da diversidade

Das coisas mais marcantes da adolescência, minha memória traz os tempos de estudo e dúvidas sobre o futuro. De forma contrária às principais críticas que se ouve hoje, meus anos de Ensino Médio foram, sim, muito significativos para uma formação dita cidadã, e não só voltada aos vestibulares. Hoje trabalhando com educação, tenho plena consciência de que um ensino inovador pode surgir a partir de práticas consideradas tradicionais e que uma roda de conversa na escola pode ser tão ou mais revolucionária quanto qualquer aplicativo educacional. Percebo que o que torna o aluno socialmente engajado é a reflexão constante, a troca de experiências, a diversidade de conhecimentos e opiniões que ele aplica e vê aplicarem a um objeto de estudo, de forma digital ou analógica. [....]

É disso que trata a educação: formar indivíduos engajados uns com os outros, socialmente e que saibam conviver. Está aí também a grande diferença da educação familiar, quando convivemos apenas com nossos pares. A escola nos permite entrar em contato de forma sistemática com outros mundos, outros olhares, outros saberes, opiniões diferentes das nossas, culturas até então desconhecidas. É o convívio com professores e colegas que nos dá suporte para refletir sobre nossas posições, sermos questionados sobre opiniões divergentes e, assim, pensarmos num projeto de vida de forma plena.

(Ivan Aguirra, Educatrix, Moderna, ano 5, nº 9 2015.)